Depois de O homem que não podia olhar para trás, lançado pela Editora Língua Geral e que faz parte da coleção Mama África, voltada para o público infato-juvenil, o moçambicano Nelson Saúte apresenta agora uma literatura um tanto singular. Em Rio dos bons sinais, seu novo livro de contos, a morte permeia todas as histórias, e a realidade e a ficção caminham lado a lado. Eufrigino dos Ídolos, o homem que ia a todos os funerais com seu guarda-chuva amarelo, o enterro da bicicleta do popular deputado que tinha nove filhos, o ministro de Deus, a aldeia dos homens sem sombra, a vovó Mafaduco e a Menina dos Prazos são alguns dos curiosos, batalhadores e cativantes personagens que compõem os enterros, funerais e o luto que servem como cenário para a obra. “Este é um livro de ausências. Sem grandes gestos, grandes batalhas, grandes epopéias, sem grandiloqüências ou arroubos filosóficos. As grandes aventuras estão no quintal da nossa casa, raramente nos horizontes exóticos e são os nossos olhos gulosos buscando o infinito que nos levam para o vazio dos gestos históricos”, afirma o também moçambicano Ruy Guerra, na orelha do livro. Em Rio dos bons sinais, que integra a coleção Ponta-de-Lança, Nelson Saúte apresenta a relação com os mais velhos, a morte sob diversos ângulos, o que também revela as particularidades da cultura africana. No cenário da morte e do luto, Nelson revê os conceitos, a pobreza, o amor, a amizade, recorda a infância e mostra que a morte é um fato da vida e que pode nos ajudar a compreender o que somos.
Livro de Nelson Saúte
Origem: Moçambique
Editora: Língua Geral
R$ 30,00