Falecido em fevereiro deste ano, aos 68 anos de idade, o compositor e artista plástico Messias dos Santos sonhava com o lançamento do CD que deixara gravado com a participação de dezenas de músicos amigos e admiradores de sua obra. Retrato de um violeiro, lançado no domingo, 1º de maio, no Parque das Ruínas, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, traz a viola e a voz do Mestre Messias como um aconchego de conversa, um tiquitinho de prosa.
A Folia de Reis que acompanhou com seu pai pelos caminhos de Minas, o cotidiano duro do trabalhador, a devoção a São Sebastião, o delicioso samba do Negro Carioca, o clima quase onírico da Roda do Milho, a beleza envolvente do Jongo Diminuto, tudo está ali vivo, presente. Das 14 faixas, 6 são parcerias com Eugênio Malta, amigo dos tempos de Juiz de Fora, na década de 1960.
Pena mesmo é Messias não poder lançar seu próprio CD. Mas sua música tem aquele tom perene que me parece confirmado pelo violino de André Cunha, o piano de Tomás Improta, os violões de Paulão 7 Cordas, Gabriel Improta, Marcelo Lopes, a percussão de Robertinho Silva e Pedro Lima, o baixo de Yuri Popoff, entre tantos outros instrumentistas que acompanharam o Mestre em seu derradeiro e cativante trabalho.
Mais que um tributo póstumo ou exemplo de música de temática rural, Retrato de um violeiro merece figurar entre os bons lançamentos de CDs de música popular brasileira. As 14 composições nele reunidas comprovam o porquê de Messias dos Santos ser um artista tão querido por moradores dos lugares por onde passou, como Santa Teresa, Juiz de Fora, Lumiar, Cabo Frio, além da sua inesquecível Cataguases. Retrato de um violeiro é, sem dúvida, um CD de Mestre.
AUTOR: MESTRE MESSIAS
R$: 15,00
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